Barrigas de aluguel

O papo hoje é sério...

Alugam-se barrigas...É isso mesmo, a “barriga de aluguel” vem sendo um meio de ganhar a vida para muitas mulheres, e principalmente as indianas.

A Índia se tornou o principal pólo de comércio de mães de aluguel. Há alguns anos mulheres indianas, normalmente miseráveis, colocam seu ventre á disposição de casais inférteis, para que esses realizem seu sonho de serem pais.

A Índia é um dos poucos países onde essa técnica é permitida e, apesar de estar sendo apontada como uma das futuras grandes potências do século 21, ainda possue uma grande porcentagem da população que se encontra em alto nível de pobreza,desnutrição e analfabetismo, e, para uma mulher nessas condições de miséria ganhar por exemplo, 5 mil dólares de uma só vez, colocando seu ventre a venda acaba sendo uma tentação muito grande...Imagina que, uma média de 445 milhões de pessoas vivem com menos de 1 dólar por dia!

E mais, esse mercado, a gestação por substituição, como é chamada, acaba por contribuir para o crescimento da economia do país, e o próprio governo promove a índia como um destino de turismo médico, estima-se que esse tipo de comércio poderá movimentar 6 bilhões de dólares em poucos anos.

A legislação atual também não contribui. Apenas nesse ano de 2010 que deu uma pequena evoluída... foi elaborado e votado pelo parlamento indiano uma lei que regulamenta essa atividade, visando maior proteção e direitos para as mulheres e maior integridade às clínicas. E essa lei só começou a ser elaborada graças ao caso do "Bebê Manji", caso de repercussão internacional de uma criança que ficou sem pais após os pais japoneses que encomendaram a criança terem se divorciado. Isso levou a um grande caos, pois simplesmente não existia uma lei ou diretriz que indicasse com quem (ou até mesmo em que país) deveria ficar a criança nesse caso.

Hoje existem mais de 3 mil clínicas que “administram” essas gestações por todo o país.Uma das principais figuras desse processo todo é a médica Nayna Patel que dirige a Akanksha Infertility Clinic, onde é feito todo o processo desde a coleta do óvulos e fertilização, pagamento para a mãe e tratamento até o parto(detalhe:tudo isso custa em média 21 mil para o casal)

Podem se candidatar indianas de 23 a 45 anos, que já tenham tido filhos ( para já saberem como é a gravidez), e essas clínicas realizam todos os exames de sangue e coração nas mães de aluguel, para garantir que essas não tenham doenças e problemas cardíacos.As mães também devem assinar um termo garantindo que abrem mão de quaisquer direito sobre as crianças.

Como é que fica a questão psicológica dessas mulheres? Como conseguem não se envolver,por exemplo?É muito curioso...Um estudo realizado pela City University em Londres concluiu que as mães de aluguel raramente tem dificuldade de abrir mão do bebê.

Li uma entrevista com uma delas, Hansa, que tem 38 anos e já gerou dois filhos para dois casais americanos e ela dizia assim: “Não há nenhum envolvimento.Eu só estou carregando uma criança de um casal que não tem a sorte que eu tenho de poder gerar filhos.

A maioria dos casais busca a criança assim que nasce para evitar envolvimento e as clínicas oferecem suporte psicológico para as mães de aluguel, antes, durante e depois da gestação.

Hoje em dia, está crescendo muito a procura por casais homessexuais também...

O casal Chris and Susan Morrison com os filhos.

Eles pagaram a uma mulher indiana para ser barriga de aluguel

É muito difícil julgar, eu diria que é um absurdo e que jamais me submeteria a isso, mas aprendi que não posso julgar...essa é a minha realidade.E a verdade é que a nossa realidade em diferente da delas, que vivem em situação miseráveis e vêem nessas gestações uma mercadoria, uma maneira de ganhar dinheiro para sobreviver.

Tenho pena...porque particularmente não acredito nas pesquisas...será mesmo que a maioria não tem envolvimento emocional?Essas mulheres não sofrem após o parto? Elas suportam essa carga na maior naturalidade?Alguns médicos dizem que, na falta de ligação genética, as gestantes são menos favoráveis à união com o bebê...Será?Não acredito...

Mais uma vez comparando ao meu caso, embora saiba que não se pode e nem se deve comparar, lembro-me quando fiquei sabendo que estava grávida...Nas duas vezes que soube e meus bebês ainda tinham em torno de 5 cm na minha barriga, já senti um amor enorme por eles, um sentimento que quem já tem filhos sabe do que eu falo, algo incondicional mesmo...já amava aqueles “serzinhos” que ainda eram praticamente uma célula como nunca amara ninguém em toda a minha vida!O envolvimento é muito grande...cantava e conversava com eles, e hoje, olho para eles e desacredito no milagre da vida...como esses moleques se formaram dentro da minha barriga?

Eu acho muito triste a situação dessas mulheres...

E mais uma questão:devido a facilidade com que os estrangeiros tem de pagar o aluguel das barrigas para as indianas miseráveis, expande os negócios e, obviamente, faz surgir clínicas não confiáveis e sem recursos apropriados para preservar a saúde,a vida e dar apoio á essas mães em potencial.Imagina só a quantidade de clínicas que existem na Índia e se todas põem em foco a saúde e bem estar da grávida...

*BRASIL: No Brasil, não há legislação específica sobre o tema, embora seja proibido qualquer tipo de mercantilização do corpo humano, como “alugar” a barriga. O que a lei permite (com base numa resolução do Conselho de Medicina) é que parentes em até segundo grau possam gerar o embrião fecundado pelo casal. Em outros casos, recorre-se a uma autorização do Conselho de Medicina e os pais que deram origem ao embrião podem custear os procedimentos médicos da gestante.